Em cidades pequenas e médias a localização de uma usina de reciclagem de RCD, ATT ou aterro é crucial para a viabilidade técnica do negócio. Além de ser conveniente e acessível, o empreendedor deve ser mais competitivo do que o aterro clandestino e ilegal.
A localização de um destinatário de RCD é, talvez, tão importante quanto o ambiente de negócio e fiscalização.
Para uma cidade pequena ou média, estar próximo ao centro gerador ou consumidor é imprescindível para o sucesso do negócio, assim como, para cidades médias e grandes, estar em áreas acessíveis ou minimamente adequadas para receber o resíduo e tratá-lo.
A questão da localização para uma usina de reciclagem de RCD, uma ATT ou até para um aterro de inertes passa obrigatoriamente por entender a dinâmica dos resíduos num município ou numa região.
Muito embora a responsabilidade pelo resíduo seja do gerador, é cultural que o transportador (caçambeiro) escolha o local para descartar o entulho, que não é seu, pertence ao gerador.
Aliado a isso, pouquíssimas cidades tem regulamentação para o transporte do RCD, muito menos, controle sobre a geração, transporte e destinação, assim, a localização do destinatário torna-se um fator de sucesso para o negócio, pois a distância entre o gerador do resíduo e o destinatário poderá impactar diretamente no lucro do transportador e ser um diferencial competitivo para o empreendedor.
Em São Paulo ,por exemplo, um destinatário localizado numa via rápida como o rodoanel ou alguma rodovia consegue ter um diferencial em relação àqueles destinatários mais distantes. Se compararmos um destinatário de RCD no bairro do Pari e outro no Grajaú, a diferença para quem sai de Pinheiros fica entre 1 até 2 horas. Isso significa quase metade da carga horária diária de um transportador.
A Região Metropolitana de São Paulo tem 22 milhões de habitantes e chega a ter 8000 pessoas por quilómetro quadrado em alguns bairros, assim, em regiões extremamente adensadas, é imperioso pensar em cadeias que envolvam Áreas de Transbordo e Triagem – ATT (NBR 15112/2004) para consolidar as cargas de resíduos e otimizar a logística, pois torna-se caro e trabalhoso atravessar a cidade para descartar o entulho ou estacionar uma caçamba.
As ATTs são um capítulo à parte. Seu papel é o de transbordar e triar numa estrutura simples e compacta. Transbordar e triar não é função exclusiva de uma ATT, por incrível que pareça. As usinas de reciclagem de entulho e os aterros de inertes também fazem transbordo e triagem, porém, em áreas maiores e um pouco mais distantes dos centros geradores ou consumidores, no caso de uma usina de reciclagem de RCD.
Aqui vale uma observação sobre o Plano Nacional de Resíduos Sólidos – Planares que inventou uma celeuma de nomes para definir a ATT, no entanto os termos foram apresentados baseado em nada, pois a NBR 15112, 15113 e 15114 já definiam de forma clara e lúcida o que é um destinatário de RCD.
Um exemplo muito exitoso na Região Metropolitana de São Paulo é o da Rafa Entulho. A empresa possui inúmeras ATTs nas cidades satélites de São Paulo e em pontos estratégicos nas marginais do Rio Tietê e Pinheiros. Essas ATTs transformam as caçambas de entulho limpo e sujo em caçambas de 20 a 30 metros cúbicos consolidadas que vão diretamente para as usinas de reciclagem de RCD em Santo André – SP e Suzano – SP.
No caso da usina de reciclagem de RCD de Santo André – SP, além de reciclar os resíduos classe A, ela também desempenha a função de ATT, otimizando ainda mais a logística da empresa.
A grosso modo, nas capitais e regiões metropolitanas ou muito adensadas, podemos pensar num modelo com as ATTs próximas aos geradores e, eventualmente, aos consumidores de agregado reciclado, e em regiões médias o destinatário próximo do centro gerador de entulho fazendo todos os papéis.
Um destinatário de RCD bem localizado consegue ser mais competitivo que um aterro clandestino e irregular.
Check list da localização de um destinatário de RCD
- Estar próximo ao centro gerador e consumidor de A.R.;
- Vias pavimentadas e estabilizadas;
- Sem obstrução de ordem natural;
- Sem obstáculos horizontais e verticais;
- Acesso seguro com sinal de internet (WiFi);
- Sem aclives ou declives significativos;
- Sinalização e orientação;
- Preferencialmente sem pedágio.
