Entulho
O que é entulho?
Concepção do entulho numa linguagem técnica.
O resíduo da construção e demolição, popularmente conhecido como entulho, caliça ou metralha, é o resultado do processo de construção, demolição, desconstrução, reforma, reparo, pavimentação, correção e até mudança.
- m.
- Montão de fragmentos que resultam de uma demolição ou desmoronamento.
- O que atravanca ou enche; embaraço; estorvo.
Há algum tempo o dicionário deixou de oferecer uma definição clara e precisa sobre o significado de entulho.
No Brasil, país com dimensões continentais, este resíduo é conhecido como entulho, caliça ou metralha.
Numa linguagem mais técnica, o Resíduo da Construção e Demolição (RCD) ou Resíduo da Construção Civil (RCC) é todo resíduo gerado no processo construtivo, de reforma, escavação ou demolição.
Entulho é o conjunto de fragmentos ou restos de tijolo, concreto, argamassa, aço, madeira, etc., provenientes do desperdício na construção, reforma e/ou demolição de estruturas, como prédios, residências e pontes.
O entulho de construção compõe-se, portanto, de restos e fragmentos de materiais, enquanto o de demolição é formado apenas por fragmentos, tendo por isso maior potencial qualitativo, comparativamente ao entulho de construção.
O processo de reciclagem do entulho, para a obtenção de agregados, basicamente envolve a seleção dos materiais recicláveis do entulho e a trituração em equipamentos apropriados.
Os resíduos encontrados predominantemente no entulho, que são recicláveis para a produção de agregados, pertencem a três grupos:
Grupo I
Materiais compostos de cimento, cal, areia e brita: concretos, argamassa, blocos de concreto.
Grupo II
Materiais cerâmicos: telhas, manilhas, tijolos, azulejos.
Grupo III
“Porém o entulho é mais do que isso: É desenvolvimento sustentável, é oportunidade de trabalho e de negócio, é preservação ambiental, é necessidade. “
Em algumas usinas de reciclagem de entulho, o gesso é enviado a cimenteiras para mistura.
Porém o entulho é mais do que isso: É desenvolvimento sustentável, é oportunidade de trabalho e de negócio, é preservação ambiental, é necessidade.
Por outro lado, é também um dos grandes vilões do ambiente urbano. O entulho acumulado é vetor de doenças como a dengue, febre amarela e chamariz de insetos e roedores.
Descartado indiscriminadamente em rios ,córregos e represas, eleva o seu leito (assoreamento) culminando com enchentes e riscos de desabamento de residências próximas ao rio.
A quantidade de entulho descartada reflete o momento opulento da economia, contudo, sem mecanismos e ferramentas para geri-lo, este resíduo se torna um problema caro para o poder público municipal, responsável pelo serviço de coleta.
Isto é o resultado de uma receita que tem como ingredientes a falta de educação e informação da população para a problemática, a incapacidade do poder público local em fiscalizar e a dificuldade dos órgãos ambientais em ofertar estruturas que recebam resíduos desta natureza. Certamente o entulho hoje merece atenção dos órgãos fiscalizadores, principalmente os municipais.
A reciclagem do entulho, entretanto, poupa nossas florestas, reduzindo a extração de pedras de pedreiras sob arbustos e grandes áreas verdes, poupa nossas águas, evitando que o entulho seja descartado em rios, riachos, represas e mares e ainda gera trabalho e renda.
A introdução deste conceito na construção civil visa reduzir as emissões de gases efeito estufa do setor. De acordo com o Green BuildingConcil Brasil, a construção civil é responsável por 1/3 dos gases lançados na atmosfera em todo o mundo. Em porcentagem, isto significa algo em torno de 25% a 30%, sendo assim, um dos setores que mais poluem no planeta.
No Brasil o entulho pode ainda abarcar mais de 20% da mão de obra egressa de lixões e aterros controlados.*
Agora que você já sabe o que é o entulho, te convido a fazer a sua parte.
RCD: Resíduos da Construção e Demolição
RCC: Resíduos da Construção Civil
ATT: Área de Transbordo e Triagem
PGRCD: Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e Demolição
PGRCC: Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
Usina Fixa: Usina assentada em terreno e licenciada para recebimento de resíduos da construção civil e demolição.
Usina Móvel: Usina assentada sobre esteiras ou rodas, geralmente usada em obras com grande volume de RCD.
Usina Híbrida: Usina sem esteira ou rodas puxada, geralmente, por caminhões munk.
M³ (metro cúbico):
M² (metro quadrado):
Rejeito: resíduos resultante da triagem do entulho, sem possibilidade de reciclagem, seja pela sua característica, seja pela sua natureza.
Aterro de Inertes: Aterro exclusivo para recebimento de resíduos da construção civil e demolição.
RSU: Resíduos Sólidos Urbanos
RSS: Resíduos Sólidos de Saúde
CTR: Comprovante de Transporte de Resíduos
MTR: Manifesto de Transporte de Resíduos
História do entulho
A construção é uma das atividades mais antigas que se tem conhecimento.
A construção é uma das atividades mais antigas que se tem conhecimento e desde os primórdios da humanidade foi executada de forma artesanal, gerando como subprodutos grande quantidade de entulho mineral.
Tal fato despertou a atenção dos construtores já na época da edificação das cidades do Império Romano e desta época datam os primeiros registros da reutilização dos resíduos minerais da construção civil na produção de novas obras.
Entretanto, só a partir de 1928 começaram a ser desenvolvidas pesquisas de forma mais sistemática para avaliar o consumo de cimento, a quantidade de água e o efeito da granulometria dos agregados oriundos de alvenaria britada e de concreto.
Porém, a primeira aplicação significativa de entulho só foi registrada após a segunda guerra mundial, na reconstrução das cidades Européias, que tiveram seus edifícios totalmente demolidos e os escombros ou entulho resultante foi britado para produção de agregado visando atender á demanda na época.
Assim, pode-se dizer, que a partir de 1946 teve início o desenvolvimento da tecnologia de reciclagem de entulho da construção civil.
Felizmente, nações tecnologicamente desenvolvidas, como EUA, Holanda, Japão, Bélgica, França e Alemanha, entre outros, já perceberam a necessidade de reciclar as sobras da construção civil e tem pesquisado o assunto intensamente visando atingir um grau de padronização dos procedimentos adotados para a obtenção dos agregados, atendendo desta forma aos limites que permitem atingi um nível mínimo de qualidade.
Artigo de Salomon M. Levy Fonte: Levy, S, M.; Helene, P.R.L.. Reciclagem de entulhos na construção civil e a solução política e ecologicamente correta. In: Simpósio Brasileiro de Tecnologias de Argamassa, 1º, Goiânia, Brasil. Agosto 1995 Anais. Goiânia, PP 315-325 http://www.resol.com.br/textos/Problemas%20gerados%20pelo%20Entulho.pdf
Mercado
O segmento da reciclagem de resíduos da construção e demolição no Brasil ainda é incipiente.
O segmento da reciclagem de resíduos da construção e demolição no Brasil ainda é incipiente.
A reciclagem deste resíduo é um mercado desenvolvido em muitos países da Europa, em grande parte pela escassez de recursos naturais que aqueles países têm.
Uma característica vital para a reciclagem de RCD no país é o entrosamento com as questões ambientais e a abordagem preservacionista que a atividade agrega. Ser sustentável garante ao setor um crescimento acima do esperado e ainda facilita as negociações com órgãos públicos, iniciativa privada e com potenciais parceiros.
Ser sustentável significa que, no processo como um todo, não se utiliza, em nenhuma hipótese, recursos naturais, como pedreiras, cascalhos, terra ou material congênere. A reciclagem além de contribuir com a limpeza da cidade poupa os rios, represas, terrenos baldios, o esgotamento sanitário, alivia o impacto nos aterros sanitários e lixões e até ameniza alagamentos e enchentes, uma vez que, não vai parar em bueiros e não impermeabiliza o solo.
A matéria prima [entulho gerado] é o resultado de um processo produtivo que ainda não tem políticas para o descarte adequado do resíduo.
Não obstante os benefícios ambientais, há também o retorno social. A atividade tem o potencial de expandir a geração trabalho e renda.
Com um trabalho planejado e organizado, a implantação de uma usina de reciclagem de RCD pode gerar benefícios sociais para a cidade e ainda dar um retorno financeiro relativamente alto para o empresário, dado as condições ofertadas, tais como matéria prima e venda dos produtos.
A comparação técnica não faz o reciclado menor ou menos eficiente em detrimento do convencional. A comparação, feita em meados de 2008 com técnicos e alunos da USP, mostrou que o produto reciclado tem uma consistência igual ao produto convencional, ou seja, mesmas características de medida, peso e durabilidade.
As exigências da sociedade são cada vez maiores para a melhoria e manutenção das condições ambientais, o que exige do Estado e da iniciativa privada medidas que possibilitem compatibilizar o desenvolvimento às limitações da exploração dos recursos naturais. O setor imobiliário, segundo reportagem da Revista Exame de 06/06/2007 é um dos setores que mais cresce e vai continuar crescendo no país, ainda mais considerando o fato de que o país tem carência de aproximadamente 7 milhões de habitações. Ainda, esse é um dos setores econômicos que mais consome e mais gera resíduos sólidos, que merecem ter destinação adequada, sob pena de serem depositados em locais impróprios trazendo danos à paisagem, ao solo, ao ar, às águas e à saúde humana.
O momento em que vivemos é oportuno para negócios sociais e sustentáveis – entende-se por sociais e sustentáveis aqueles que geram valor para a sociedade e para o meio ambiente.
Produto | Características | Uso recomendado |
---|---|---|
Areia reciclada | Material com dimensão máxima característica inferior a 4,8 mm, isento de impurezas, proveniente da reciclagem de concreto e blocos de concreto. | Argamassas de assentamento de alvenaria de vedação, contrapisos, solo-cimento, blocos e tijolos de vedação. |
Pedrisco reciclado | Material com dimensão máxima característica de 6,3 mm, isento de impurezas, proveniente da reciclagem de concreto e blocos de concreto. | Fabricação de artefatos de concreto, como blocos de vedação, pisos intertravados, manilhas de esgoto, entre outros. |
Brita reciclada | Material com dimensão máxima característica inferior a 39 mm, isento de impurezas, proveniente da reciclagem de concreto e blocos de concreto. | Fabricação de concretos não estruturais e obras de drenagens. |
Bica corrida | Material proveniente da reciclagem de resíduos da construção civil, livre de impurezas, com dimensão máxima característica de 63 mm (ou a critério do cliente). | Obras de base e sub-base de pavimentos, reforço e subleito de pavimentos, além de regularização de vias não pavimentadas, aterros e acerto topográfico de terrenos. |
Rachão | Material com dimensão máxima característica inferior a 150 mm, isento de impurezas, proveniente da reciclagem de concreto e blocos de concreto. | Obras de pavimentação, drenagens e terraplenagem. |
Fonte: Manual de Aplicação do Agregado Reciclado – MARE
O entulho se apresenta na forma sólida, com características físicas variáveis, que dependem do seu processo gerador, podendo apresentar-se tanto em dimensões e geometrias já conhecidas dos materiais de construção (como a da areia e a da brita), como em formatos e dimensões irregulares: pedaços de madeira, argamassas, concretos, plástico, metais, etc.
Praticamente todas as atividades desenvolvidas no setor da construção civil são geradoras de entulho. No processo construtivo, o alto índice de perdas do setor é a principal causa do entulho gerado. Embora nem toda perda se transforme efetivamente em resíduo – uma parte fica na própria obra – os índices médios de perdas (em %) apresentados abaixo fornecem uma noção clara do quanto se desperdiça em materiais de construção – a quantidade de entulho gerado corresponde, em média, a 50% do material desperdiçado.
Já nas obras de reformas a falta de uma cultura de reutilização e reciclagem são as principais causas do entulho gerado pelas demolições do processo.
Nas obras de demolição propriamente ditas, a quantidade de resíduo gerado não depende dos processos empregados ou da qualidade do setor, pois se trata do produto do processo, e essa origem, sempre existirá.
- economia na aquisição de matéria-prima, devido a substituição de materiais convencionais, pelo entulho;
- diminuição da poluição gerada pelo entulho e de suas conseqüências negativas como enchentes e assoreamento de rios e córregos, e
- preservação das reservas naturais de matéria-prima.
A seguir são citadas algumas possibilidades de aplicação do AGREGADO RECICLADO:
Utilização em pavimentação
A forma mais simples de reciclagem do entulho é a sua utilizado em pavimentação na forma de brita corrida.
Utilização em pavimentação
Vantagens
• é forma de reciclagem que exige menor utilização de tecnologia o que implica menor custo do processo; • permite a utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos, argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc.), sem a necessidade de separação de nenhum deles;
Utilização como Agregado para o Concreto
O entulho processado pelas usinas de reciclagem pode ser utilizado como agregado para concreto não estrutural.
Utilização como Agregado para o Concreto
Vantagens
• utilização de todos os componentes minerais do entulho (tijolos, argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc.), sem a necessidade de separação de nenhum deles; • economia de energia no processo de moagem do entulho (em relação à sua utilização em argamassas), uma vez que, usando-o no concreto, parte do material permanece em granulometrias graúdas;
Utilização como agregado para a confecção de argamassas
Pode ser utilizado como agregado para argamassas de assentamento e revestimento.
Utilização como agregado para a confecção de argamassas
Vantagens
• utilizado do resíduo no local gerador, o que elimina custos com transporte; • efeito pozolânico apresentado pelo entulho moído;
Outros usos
Utilização em pavimentação
Vantagens
• Utilização de concreto reciclado como agregado; • Cascalhamento de estradas; • Preenchimento de vazios em construções; • Preenchimento de valas de instalações; • Reforço de aterros (taludes).
Processo de produção
O AGREGADO RECICLADO pode então ser utilizado como reforço de subleito, sub-base ou base de pavimentação.
Etapas
abertura e preparação da caixa (ou regularização mecânica da rua, para o uso como revestimento primário)
corte e/ou escarificação e destorroamento do solo local (para misturas)
umedecimento ou secagem da camada, homogeneização e compactação.
Laboratórios para ensaios tecnológicos de agregado reciclado
A norma ABNT NBR 15115 – Agregados reciclados de resíduos da construção civil – Execução de camadas de pavimentos – Procedimentos, exige alguns controles tecnológicos para os agregados reciclados, dentre eles, o ensaio de granulometria (ABNT NBR 7181) Índice de Suporte Califórnia – CBR (ABNT NBR 7185), teor de umidade e massa específica (ABNT NBR 7182 e ABNT NBR 7185), dentre outros ensaios específicos para cada usina e região.
Abaixo a relação de alguns laboratórios que trabalham com agregado reciclado:
Endereço | Nº | Bairro | Cidade | UF | Site |
---|---|---|---|---|---|
R. AQUINOS | 111 | ÁGUA BRANCA | SÃO PAULO | SP | www.falcaobauer.com.br |
AV. PROF. ALMEIDA PRADO | 532 | CIDADE UNIVERSITÁRIA | SÃO PAULO | SP | www.ipt.br |
AV. SÃO JOSÉ | 450 | JD. SÃO JOSÉ | OSASCO | SP | www.ept.com.br |
R. DJANIRA RIBEIRO DO ROSÁRIO | 91 | CENTRO | VITÓRIA | ES | www.ept.com.br |
R. MARCELO GAMA | 41 | SÃO JOÃO | PORTO ALEGRE | RS | www.ept.com.br |
AV. TORRES DE OLIVEIRA | 76 | JAGUARÉ | SÃO PAULO | SP | www.abcp.org.br |
AV. DAS SERINGUEIRAS | 33 | JD. DAS PALMEIRAS | CUIABÁ | MT | www.elcondorltda.com.br |
R. EDUARDO XIBLE | 15 | FÁTIMA | SERRA | ES | www.brascontec.com.br |
R. MADRE EMILIE VILLENEUVE | 434 | JD. PRUDÊNCIA | SÃO PAULO | SP | www.concremat.com.br |
R. ONZE | 191 | JD. TERRAMÉRICA II | AMERICANA | SP | www.tecnotest.eng.br |
* Alguns ensaios possuem acreditação pela Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro (Cgcre).